15.12.03
Orwell no POUM: Socialismo vs. Estalinismo
Quando chega a Espanha, nos últimos dias de Dezembro de 1936, George Orwell é imediatamente convidado a alistar-se nas milícias do Partido Obrero de Unificación Marxista (POUM). Partido de tendência trotskista, foi combatido no seio da Frente Popular pelos comunistas filiados à União Soviética. A primeira semana em Espanha é passada no Quartel Lenine - controlado pelas milícias do POUM desde o início da guerra -, onde os recrutas recebiam o primeiro treino militar.
A experiência nas fileiras do POUM tanto alimenta a sua crença no socialismo como acentua a sua consciência anti-estalinista. A 15 de Junho de 1937, quando o POUM é ilegalizado e perseguido pelos elementos afectos ao PCUS, Orwell é forçado à clandestinidade. Confirmam-se as suspeitas sobre as mutações na natureza do regime: os dirigentes e militantes do POUM são perseguidos e assassinados. Orwell entende que os comunistas russos traíram e revolução, primeiro no seu país e depois em Espanha. A dimensão do totalitarismo estalinista é então palpável: «[...] Esta aliança, conhecida por Frente Popular, é na essência uma aliança de inimigos, e parece sempre destinada a terminar com um dos aliados a devorar o outro. A única característica da situação espanhola - a qual tem causado muitíssimos equívocos fora de Espanha - consiste no facto de, entre os partidos no Governo, os comunistas não ocuparem uma posição de extrema-esquerda e sim, de extrema-direita». [1]
Porém, não obstante as desilusões e a derrota final, a Guerra Civil Espanhola reforça a crença de Orwell no socialismo: «O que atrai os homens comuns para o socialismo [...] é a ideia de igualdade [...]. E foi neste aspecto que os poucos meses passados na milícia foram valiosos para mim. E foram-no porque as milícias espanholas, enquanto duraram, constituíram uma espécie de sociedade sem classes». [2]
Foto: Janeiro de 1937. Milicianos do POUM no quartel Lenine de Barcelona. Orwell é a figura alta ao fundo.
..
[1] In Homenagem à Catalunha, ed. Livros do Brasil, Lisboa, p. 70.
[2] In Recordando a Guerra de Espanha, Antígona, Lisboa, 1997, p. 127.
A experiência nas fileiras do POUM tanto alimenta a sua crença no socialismo como acentua a sua consciência anti-estalinista. A 15 de Junho de 1937, quando o POUM é ilegalizado e perseguido pelos elementos afectos ao PCUS, Orwell é forçado à clandestinidade. Confirmam-se as suspeitas sobre as mutações na natureza do regime: os dirigentes e militantes do POUM são perseguidos e assassinados. Orwell entende que os comunistas russos traíram e revolução, primeiro no seu país e depois em Espanha. A dimensão do totalitarismo estalinista é então palpável: «[...] Esta aliança, conhecida por Frente Popular, é na essência uma aliança de inimigos, e parece sempre destinada a terminar com um dos aliados a devorar o outro. A única característica da situação espanhola - a qual tem causado muitíssimos equívocos fora de Espanha - consiste no facto de, entre os partidos no Governo, os comunistas não ocuparem uma posição de extrema-esquerda e sim, de extrema-direita». [1]
Porém, não obstante as desilusões e a derrota final, a Guerra Civil Espanhola reforça a crença de Orwell no socialismo: «O que atrai os homens comuns para o socialismo [...] é a ideia de igualdade [...]. E foi neste aspecto que os poucos meses passados na milícia foram valiosos para mim. E foram-no porque as milícias espanholas, enquanto duraram, constituíram uma espécie de sociedade sem classes». [2]
Foto: Janeiro de 1937. Milicianos do POUM no quartel Lenine de Barcelona. Orwell é a figura alta ao fundo.
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[1] In Homenagem à Catalunha, ed. Livros do Brasil, Lisboa, p. 70.
[2] In Recordando a Guerra de Espanha, Antígona, Lisboa, 1997, p. 127.