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30.9.03

Películas da Guerra Civil 

[FICÇÃO]
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Terra e Liberdade, de Ken Loach

«A guerra em que se centra a acção de «Terra e Liberdade», a 11.ª película do sempre fiel a si mesmo e sempre variável Ken Loach, sem espaço para dúvidas o mais "comprometido", para usar um termo em desuso, dos cineastas contemporâneos, é a de Espanha, em 1936. A que, iniciada há quase sessenta anos e dolorosamente terminada três anos depois, colocou em luta fratricida um país, que ainda não estancou totalmente as suas feridas. E que, possivelmente, foi a última, e acaso também a primeira das que puderam classificar-se de românticas. Sendo, também, romântico, em boa medida - o que não exclui que seja, ao mesmo tempo, rigoroso - o tratamento que o autor leva a cabo, numa perspectiva, forçosamente, exterior, mas nem por isso menos visceral. Que, fazendo das tripas coração, nos conta através de todos os sentidos de David Carr, um jovem inglês de Liverpool, membro do partido comunista local, que, desempregado no seu país, e juntamente com outros idealistas estrangeiros, parte para Espanha para combater nas brigadas do POUM, um partido do povo para o povo (?), de que ele nunca ouvira falar, contra o fascismo do General Franco, e que acaba por enfrentar, não só os facciosos locais, mas também, não tardando muito, os membros do partido a que pertencia, manipulados pelo oportunismo stalinista.

Delineado e desenvolvido em chave epistolar - o que enfatiza o seu carácter subjectivo, que alguns lhe reprovaram tão injusta como equivocadamente - com base nas cartas que o protagonista escrevia à sua namorada que deixou em Inglaterra, embrulhadas num amarfanhado lenço vermelho, e uma bolsa de terra aragonesa, que a sua neta encontra, após a sua morte, numa mala, o filme, por esta ordem, com o coração, as tripas e a inteligência, é, sem dúvida, e referênciado por outros filmes mais animados na sua altura - «Por quem os sinos dobram», «Morrer em Madrid», para só citar dois exemplos contrapostos - o melhor que já foi feito sobre a guerra civil de Espanha [...]. Porque, definitivamente, salvando todas as imensas distâncias, bem podia, baseando-se no mesmo argumento, ter tomado como ponto de partida outra guerra. Já que nos fala da guerra como contrasenso e contrário da revolução, da traição e a morte, e, em suma, como o seu título indica, de dois conceitos tão fundamentais como são os de Terra e Liberdade.

Tão nobre como desassossegado, tão poético como politicamente impecável, tão trágico como, por paradoxal que possa desejar-se, optimista, o filme tem todos os ingredientes capazes de sensibilizar qualquer um, especialmente aqueles que se identificarão com a época retratada e a história em geral. Imprescindível ver este filme, distribuído em Portugal pela Atalanta Filmes [...].

Fonte: Vasco Martins, Voz Portucalense Ano XXVII - Nº 23 - 13 de Junho de 1996

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Ficha Técnica
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Título do filme: Terra e Liberdade (Land and Freedom)
Itália, Espanha, Reino Unido e AlemanhaI
Direcção: Ken Loach
Duração: 109 minutos
Actores principais: Ian Hart, Rosana Pastor, Icíar Bollaín, Tom Gilroy e Marc Martinez.

27.9.03

Propaganda(s) da Guerra Civil 

[CARTAZES REPUBLICANOS - 2]
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Autor: Melendreras
Data: 1937
Editor: Madrid, Junta Delegada de Defensa de Madrid
Impressão: Rivadeneyra, C.O. Madrid
Medidas: 111 x 79 cm
(Col. CEHC)



Emeterio Melendreras, (1905 - 1996).
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[OBS] - Um dos trabalhos mais conhecidos de Melendreras e da propaganda republicana. No cartaz, o destaque para a evocação da necessidade de militarização e disciplina nas milícias. A união de todas as bandeiras salienta a emergência do combatente único: o Exército Popular Republicano e o seu Estado-Maior Central.

[BI] - Melendreras tinha 31 anos aquando do começo da guerra. Pertencia ao Sindicato de Profissionais das Belas-Artes de Madrid.

Emigração na Guerra Civil 

«Historia del éxodo que se produce con el fin de la II República Española», por Javier Rubio.

26.9.03

O PCP e a Guerra Civil - 2 

[TRANSCRIÇÕES DOCS.]

Nota publicada no Boletim Interno do PCP, Fevereiro de 1937.
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«A vitória da República espanhola representa, pelo contrário, uma machadada dura no fascismo internacional e um triunfo enorme para o movimento da Frente Popular em todo o mundo.

A vitória da República espanhola incendiará de entusiasmo o povo português e acelerará a mobilização das massas para a luta directa pelo derrubamento do fascismo.

O povo português está, pois, finalmente interessado na derrota de Franco e na vitória da República espanhola.»

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Fonte: Boletim Interno do PCP, Série II, n.º 1, Fevereiro de 1937, p.5.

A Geração Guernica - Entrevista 

«Foi uma coisa terrível»
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Entrevista com Begoña Ballesteros

Vive hoje, aos 78 anos, com o marido em Sestao, uma pequena cidade a noroeste de Bilbau. Aos 12 anos, foi enviada para Inglaterra e a memória desse exílio leva-a a dizer que «não há guerras legais, todas as guerras são inumanas». Por Paulo Miguel Madeira.

Dos quatro anos de exílio, recorda-se de ter sido bem tratada. O regresso, tal como a partida, foi difícil.

Como sentiu a sua partida para Inglaterra quando era criança?

BEGOÑA BALLESTEROS - De uma maneira muito triste, muito triste e muito horrível. Por deixar assim os pais em plena guerra, ir para um sítio estrangeiro onde não conhecia a língua, nem ninguém, nem nada. Foi uma coisa terrível.

A viagem foi difícil?

Parti a 20 de Maio de 1937. Levávamos uns cartões presos aos casacos. Cada um tinha o seu número. Entrámos no barco com esse cartão. Quando o barco começou a andar caímos todos redondos, enjoados. Vimos o barco de Franco que nos seguiu, mas havia dois barcos de guerra ingleses a escoltar-nos. Desembarcámos em Southampton.

Em que sítios esteve?

Em Southampton, fomos para um acampamento. Estivemos aí cerca de um mês. Fomos vacinados, contra o tifo e aquilo que era normal naquela altura. Depois vieram buscar-nos. Fomos 60 meninos para perto de Liverpool. Levaram-nos para um casarão muito grande, que devia ser um antigo palácio. E ali ficámos. Trataram-nos muito bem. Estive quatro anos em Inglaterra. Depois daquela colónia em Liverpool, levaram-nos para a Escócia.

E o regresso a Espanha?

Alguns começaram a voltar seis meses depois de termos partido. Os primeiros foram chamados por Franco. Muitos não sabíamos onde estavam os pais, nem sabíamos nada. Era Franco que queria que viéssemos, e nós não queríamos vir. Porque, aqui, para onde vínhamos?

A certa altura disseram-me que a minha mãe, que entretanto se refugiara em França ainda durante a guerra em Espanha, me chamava. Mas estávamos em plena Segunda Guerra Mundial. Em Inglaterra havia «blackout». Levaram-me da Escócia para Londres, penso que em Abril de 1941. Estivemos um mês nos arredores de Londres, de onde fomos para França. Em França não se podia viver. Os alemães entravam por todo o lado.

E a sua mãe?

Estive numa colónia de meninos espanhóis, à espera da minha mãe. Mas a minha mãe não podia ir, porque os alemães não a deixavam passar. Depois três senhores, dois ingleses e um espanhol, disseram-nos que tínhamos de partir, num camião que eles levavam. Mas sem levar nada, só a roupa do corpo.

Fizemos o caminho até à fronteira de Espanha, mas por Pau e Figueras [a fronteira na Catalunha]. Atravessámos a França toda, com os alemães atrás... passavam nas motocicletas.

Gostou de voltar?

Era um desastre como estava a Espanha, era um desastre. Havia fome, miséria. A partir da fronteira puseram-nos numa camioneta de transporte de carne. Deixaram-nos em Montjuic, em Barcelona.

Foram bem tratados?

Queriam pôr-nos numa casa para os indigentes. Mas nós não quisemos. Estava também connosco um menino de três anos. Fomos dormir para um quartinho onde se guardavam malas, todo com bancos de madeira. Metemo-nos ali. Uns soldados espanhóis davam-nos cobertores, comida, dinheiro para comprar fruta, toalhas. Ao fim de 17 dias, disseram-nos: «Venham para Bilbau.» Nem o meu pai nem a minha mãe estavam em Bilbau. Alguns, não tinham ninguém. Eu e a minha irmã ficámos com uns tios. Passámos um muito mau bocado.

Acabou por encontrar os seus pais?

O meu pai estava preso nas Astúrias. Saiu da prisão ao fim de, pelo menos, um ano, e pouco depois a minha mãe voltou de França. A família reuniu-se, voltámos à nossa casa.

O que lhe ocorre dizer sobre tudo isto?

Agora ouve-se falar de muitas guerras. As mulheres e as crianças são as principais vítimas. Não se deve fazer guerras seja pelo que for. Não há guerras legais. Todas as guerras são inumanas. E uma guerra é a última coisa que uma nação deve fazer... a última coisa.

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Fonte: Jornal Público, 21.Set.03

A Geração Guernica 

Artigo de Paulo Madeira no Público.
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«Cerca de 35 mil meninos espanhóis foram enviados pelas suas famílias para o estrangeiro entre 1937 e 1938, durante a Guerra Civil no país vizinho. Partiram das zonas controladas pelas forças republicanas, sobretudo do País Basco (cujo Governo de então organizou a evacuação, a pedido de muitas famílias), e o seu destino ficou enredado nas malhas da geopolítica do século XX. Muitos nunca regressaram.

É sobre o destino dessas crianças que o Discovery Channel, em parceria com a televisão pública basca, Euskal Telebista, decidiu produzir um documentário, intitulado «A Geração Guernica» (...).

A decisão de muitas famílias espanholas de enviar as suas crianças para longe pode hoje ser motivo de perplexidade, mas para a avaliar é preciso lembrar um aspecto único no contexto da guerra civil de Espanha: as zonas sob controlo dos republicanos foram, pela primeira vez na história da humanidade, alvo de bombardeamentos maciços sobre populações civis, conduzidos pela Força Aérea alemã, que foi ajudar Franco a derrubar o regime da então República Espanhola. Foi com esta nova dimensão do horror, retratada por Picasso no seu famoso quadro «Guernica», que as populações espanholas tomaram contacto. E assim milhares de crianças viram-se em França, na Bélgica, na Grã-Bretanha, na então União Soviética e no México.

«É importante perceber o impacto dos bombardeamentos. Hoje estamos mais ou menos acostumados a ouvir falar de bombardeamentos e sabemos que acontecem. Nesta época não. Além disso, continuaram, quase diariamente, gerando uma pressão psicológica enorme. Por outro lado, é preciso perceber outro aspecto: pensava-se que seria uma situação limitada no tempo. Supunha-se que ia durar alguns meses. Nunca tantos anos», afirmou o assessor histórico do documentário, Jesús Carballés, durante a sessão de apresentação à comunicação social, na semana passada em Bilbau.

A ideia original foi do realizador, Steve Bowles, um inglês cujos pais participaram no auxílio às crianças espanholas refugiadas. «Na casa onde cresci havia uma imagem de 'Guernica', o quadro de Picasso», conta. «Há muitos anos que tenho interesse por este tema. Recentemente fui viver para Southampton [onde chegaram muitos refugiados espanhóis] e encontrei arquivos fabulosos. E então decidi avançar com este projecto.»

Impedidos de regressar

«A Geração Guernica» centra-se sobretudo nas crianças que foram para a União Soviética e para o México, as que ficaram mais presas ao seu novo destino, donde a grande maioria nunca voltou a Espanha. As que partiram para a Grã-Bretanha, França e Bélgica não puderam voltar facilmente logo que acabou a guerra civil em Espanha, pois entretanto começara a II Guerra Mundial. Mas ao fim de mais uns anos tiveram oportunidade de regressar. Nos outros casos não. A Espanha de Franco não tinha qualquer tipo de relação diplomática com a União Soviética, pelo que os jovens espanhóis não podiam regressar. No caso do México, a distância tornava difícil arriscar uma viagem em que não se sabia o que se iria encontrar. E as notícias que iam chegando davam conta de uma situação muito difícil, com grandes privações e a vingança das forças de Franco sobre os vencidos, situação em que se encontravam as famílias destas crianças.

Há também quem tenha uma memória positiva da experiência de exílio. Jesus Urbino, de Portugalete (uma pequena cidade a noroeste de Bilbau), recorda que quando o seu pai lhe disse que ia para Inglaterra encarou a ideia como uma aventura. Tinha nove anos, e partiu com uma irmã. Tem boas recordações dos britânicos. Voltou a Espanha em 1940. «Aqui tive a maior decepção do mundo, porque eu tinha vivido muito bem em Inglaterra. E sofre-se.» Quando chegou a Espanha, passou «muita fome, miséria, sofrimento, doenças».

Se hoje em dia acontecesse algo assim, «eu também mandaria os meus filhos. Não ia expor os meus filhos a uma guerra daquelas, de traidores. Que era mais do que traição. Porque nós não tínhamos nada a ver com política. Eram invejas entre vizinhos, que se denunciavam uns aos outros. Bombas todos os dias. Já não havia nada de comer. Era uma miséria», diz outra das ex-refugiadas na Grã-Bretanha, Begoña Ballesteros.

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Fonte: Jornal Público, 21.Set.03

18.9.03

Novo livro de Viale Moutinho 

Chegou recentemente ao mercado o livro «Trincheiras», de José Viale Moutinho. Um conjunto de três encontros do autor com republicanos espanhóis que combateram na Guerra Civil de Espanha. O livro recolhe testemunhos de Rosario Sanchez, que inspirou «Rosario, Dinamitera» - célebre poema de Miguel Hernández -, o poeta Marcos Ana - o preso que mais tempo permaneceu consecutivamente nas cadeias de Franco -, e Joan Escuer, que após a guerra combateu na Resistência Francesa contra os nazis e conheceu o campo de concentração de Dachau.
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Fonte: JN, 16.Set

16.9.03

Propaganda(s) da Guerra Civil 

[CARTAZES REPUBLICANOS - 1]
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Autor: Amster
Data: 1937
Editor: Madrid, MIP
Impressão: ?
Medidas: 100 x 70



Mauricio Amster
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[OBS] - A arma sobre o livro aberto: dois símbolos fundamentais para os republicanos espanhóis. Os «Milicianos de la Cultura» representam a vontade de resistência ao fascismo e o combate ao analfabetismo larvar do povo espanhol.

[BI] - Polaco católico nacionalizado espanhol, Amster trabalhou para a República. Exilou-se no final da Guerra Civil.

Valas comuns reabertas 

«Vala comum onde se encontra García Lorca vai ser reaberta

As circunstâncias da morte de Federico García Lorca (1898-1936) poderão vir a ser conhecidas com maior detalhe com a reabertura da vala comum onde o escritor espanhol foi enterrado depois de ter sido executado pelos membros da Escuadra Negra, uma das mais sanguinárias divisões militares do Exército de Franco, no decorrer da guerra civil no país vizinho.

Dramaturgo, poeta, homossexual e militante de esquerda, García Lorca foi assassinado a 19 de Agosto de 1936 e sepultado juntamente com um professor local, Dióscoro Galindo, e dois toureiros membros de um grupo sindical anarquista - a CNT, Confederação Nacional de Trabalho. A vala comum, localizada em Alfacar, Granada, foi descoberta há 30 anos pelo historiador Ian Gibson, com base nas pistas de um homem que diz ter sido forçado a fazer a cova quando tinha 16 anos. «Tenho um testemunho oral sobre o que aconteceu, mas, com todo o respeito que é devido a Lorca, penso ser essencial encontrar o corpo», disse ontem Gibson à BBC.

Miguel Botella, antropólogo na Universidade de Granada, espera a autorização para começar os trabalhos. Botella, que trabalhou já em exumações no Peru, Argentina e Chile, diz que a tecnologia actual, baseada em sondas electromagnéticas, facilitará a identificação da vala e a distinção dos cadáveres. Apesar da oposição da família de García Lorca, a reabertura irá avançar, com o apoio do alcaide socialista de Alfacar, Juan Caballero, e dos familiares dos restantes defuntos, representados pela Associação para a Recuperação da Memória Histórica.

Francisco Galadí, neto de um dos toureiros enterrados em Granada com Lorca, e Nieves Galindo, neta do professor Dióscoro Galindo, querem recuperar os restos mortais dos seus familiares. Mas Laura García Lorca, neta do dramaturgo, diz que as escavações serão «uma falta de respeito para com um lugar sagrado», onde se encontram enterradas entre três e quatro mil pessoas, vítimas da repressão franquista. Mas Ian Gibson, historiador e biógrafo do poeta espanhol, contrapõe que «Lorca pertence à Humanidade e não à sua família».

Gibson crê na possibilidade de vir a determinar melhor os pormenores da morte «do espanhol mais amado em todo o mundo», um mistério ao qual tem dedicado grande parte da sua vida. «Acho que o espancaram brutalmente antes de o executarem. Podemos imaginar o ódio visceral que esta gente sentia em relação a homossexuais e a 'vermelhos'», diz o historiador.

As circunstâncias da morte de Lorca não são claras. Sabe-se que um ex-deputado da CEDA (Confederação Espanhola das Direitas Autónomas), Ramón Ruiz Alonso, o deteve na casa de Luís Rosales e que o comandante falangista José Valdés o mandou matar. Os testes de ADN e os exames morfológicos aos ossos podem provar se Lorca foi ou não enterrado em Alfacar e se os algozes obedeceram ao general Queipo de Llano, que de Sevilha terá dito a Valdés: «Dá-lhe café, muito café».

Mais de trinta mil pessoas foram executadas durante e depois da Guerra Civil de Espanha e encontram-se hoje em sepulturas anónimas. Emílio Silva, porta-voz da associação nacional para a exumação das vítimas de Franco, assegura que, apesar da oposição da família de Gracía Lorca, a exumação irá ser feita. «Será um momento simbólico, mas não podemos esquecer que Espanha está cheia de vítimas como esta, está cheia de Lorcas».

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Fonte: Tânia Marques, Público, 09.Set.03

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